sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Curso de Prospecção Geoquímica


Aconteceu no sábado dia 17/10, na Escola de Minas de Ouro Preto, antes do 12 Congresso Brasileiro de Geoquímica. O curso foi dividido em dois módulos. Pela manhã, Carlos Siqueira Bandeira de Mello (o segundo da esquerda para a direita) do CENPES/Petrobrás apresentou as tecnologias utilizadas na prospecção geoquímica de depósitos de óleo e gás. À tarde, eu (o último de pé à direita), apresentei as técnicas geoquímicas utilizadas na prospecção de depósitos minerais metálicos. Uma turma heterogênea com 19 alunos, muitos graduandos de geologia da UFOP, mas também do curso de química da Univ. Viçosa, e geólogos de empresas. Ao final do curso, lá pelas 18 horas, foram sorteados seis exemplares do livro de Prospecção Geoquímica de Depósitos Minerais Metálicos, Não Metálicos, Óleo e Gás, editado pela SBGq (veja matéria postada nesse blog).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mudou o mundo ou mudei eu ?

Pesquisando na Internet, consegui uma cópia do vol III do Bulletin nº 4 do Territory of Alaska Department of Mines, editado em Juneau em Abril/1955. Na página 3 há uma notícia sobre o segundo curso de prospecção geoquímica que aconteceria a partir de 9 de maio na University of Alaska School of Mines. Seria um curso de duas semanas corridas e seria ministrado por Mark Leo Anthony, instrutor de cursos de extensão em Mineração e pelo Dr. N. R. Mukherjee, Professor de Metalurgia. O programa incluia amostragem de solo e água e os estudantes preparariam seus próprios kits de campo (conjunto de reagentes para testes colorimétricos rápidos). O curso era destinado a prospectores experientes e que tivessem concluído o mini-curso de Mineração e o curso de extensão em Mineração. Todos os químicos e analistas do Territory of Alaska Dept. of Mines estavam matriculados para que depois pudessem dar o suporte aos prospectores no preparo das soluções e reagentes para os novos kits. A inscrição tinha um custo de $10.
Como resultado do primeiro curso de prospecção geoquímica ministrado na mesma Universidade no outono de 1954, havia se formado um ativo grupo de 14 prospectores autodenominado de Geochemical Prospectors Club. Eles se encontravam todas as noites das quartas-feiras para discutir, trocar experiências e aprimorar seus procedimentos geoquímicos. Esse era considerado o mais avançado e sério clube de prospectores do Alaska e seus membros estariam no ponto de fazer grandes descobertas já no verão de 1955
Essa notícia me causou surpresa ao saber que em 1955 no Alaska capacitava-se prospectores nas técnicas de prospecção geoquímica, e que existiam diversos clubes de prospectores que reuniam-se semanalmente para trocar experiências.  Infelizmente no Brasil do século XXI, geólogos e técnicos de mineração e de geologia são graduados sem nunca terem coletado sequer uma amostra para prospecção geoquímica.
Como comentário, aproveito o que um dia escreveu Millôr Fernandes "Mudou o mundo ou mudei eu ?"

domingo, 11 de outubro de 2009

XII Congresso Brasileiro de Geologia

A partir do dia 17 de outubro, acontecerá em Ouro Preto o XII Congresso Brasleiro de Geoquímica.
Não acredito que você não sabia disso !
Acesse imediatamente www.12cbgq.ufop.br/12cbgq/index_br.html. Ainda há tempo !
No domingo, dia 18, a cerimônia de abertura e depois durante a semana, uma programação que abrange todos os aspectos da geoquímica.
Estarei por lá e no retorno postarei alguns textos e fotos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Garçom, me dá uma média !

Média ! Uma medida estatística simples, útil, muito fácil de calcular, mas também a responsável involuntária por tantos mal-entendidos e fracassos. Numa situação especial onde há uma homogeneidade nas medidas, sem variações bruscas, elá é uma estimativa muito boa da média dos valores. Porém quando ocorrem bruscas variações ou medidas muito discrepantes, a média pode se transformar num veneno mortal. Em Porto Alegre, dizem que a profundidade média do lago (ou rio) Guaíba é de 1,20 m, mas ninguém se atreve a atravessá-lo a pé ! Essa impossibilidade é devida ao desvio padrão, materializado nesse caso num canal de navegação com cerca de 10 metros de profundidade. A simples existência desse canal profundo provoca uma forte assimetria nas medidas da profundidade das águas e faz com que a média não mereça a mínima credibilidade de quem quiser cruzar caminhando o lago Guaíba, sem usar uma bóia.
Na década de 1950, Ahrens descreveu o comportamento dos teores dos elementos menores e traço em materiais geológicos, mostrando seu caráter assimétrico. Depois dele, dezenas de autores publicaram centenas de artigos e livros sobre essa questão - a assimetria dos dados geoquímicos. Assim, sendo eles assimétricos, não faz nenhum sentido aplicar-lhes uma medida estatística concebida para distribuições simétricas.
Porque eu insisto em postar tantos textos sobre essa questão ? É porque por desconhecimento, pressa ou até preguiça, muitos geólogos usam a média e o desvio padrão para descrever dados geoquímicos e caracterizar anomalias geoquímicas sem ter se preocupado antes de se certificar se essa abordagem é a adequada.
Para isso só há uma alternativa: conheça os seus dados geoquímicos. Esprema-os até conhecê-los profundamente. O jornalista e economista Joelmir Betting disse uma vez que "Estatística é a arte de torturar os dados até que eles confessem." Concordo com ele.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vão-se os anéis, ficam os dedos!

Duas recentes e espetaculares descobertas científicas nos espantaram nesses últimos dias: mais um anel em Saturno e o prêmio Nobel de medicina pela descoberta da telomerase. Apesar das diferentes escalas de observação, a primeira em milhares de anos-luz e a outra em escala de mili-micrômetros, ambas são o resultado de dezenas de anos de pesquisas e me parece que têm importantes significados.
O primeiro está em demonstrar o erro grosseiro de supor que tudo está descoberto, conhecido e controlado.
O segundo é demonstrar que ciência não se faz sem rígidos controles, paciência e eterna crítica dos procedimentos e resultados.
O terceiro é a prova cabal de que novas descobertas científicas só serão feitas com uso e aplicação de novas técnicas de investigação, com maior qualidade, resolução, precisão e exatidão.
Isso se aplica perfeitamente na exploração geoquímica, pois desde suas primeiras aplicações no início do século XX até a atualidade do conhecimento, "muita água passou por debaixo da ponte".
Frações granulométricas, técnicas de ataque ou digestão, instrumental analítico, o criação do computador pessoal, os aplicativos estatísticos e de cartografia digital e assim por diante, fazem parte do instrumental indispensável do geoquímico para identificar e caracterizar com precisão seus alvos de interesse. Todos essas ferramentas foram desenvolvidas ao longo de um longo período de tempo e resultam da atuação de diversos ramos da ciência pura e aplicada numa teia inimaginável de pessoas, instituições e recursos financeiros. Por isso que o processo de investigação científica é lento, miseravelmente lento.
Para descrever o processo da descoberta científica podemos usar esse brilhante pensamento do teatrólogo Samuel Beckett " Tente de novo. Fracasse de novo. Fracasse melhor!"
Como toda aplicação da ciência, a exploração geoquímica necessita de uma mente aberta e sempre disposta a questionar resultados, positivos e negativos, e principalmente experimentar novas metodologias.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As Leis de Murphy da Vulcanologia


As Leis de Murphy de Vulcanologia foram compiladas numa tentativa de produzir um conjunto de regras que ajudem a combater as leis da natureza. A atividade vulcânica é imprevisível e é bem explicada pelas Leis de Murphy. A medida que fornecem alívio cômico, também esperamos que as Leis de Murphy ajudem no planejamento sério da segurança (John Seach http://www.volcanolive.com/murphy.html)

A Lei de Murphy:

Se qualquer coisa puder dar errado, vai dar errado e da maneira a causar mais danos.

Corolários:

Nada é tão fácil quanto parece.

Tudo leva muito mais tempo que você pensa.

Por si mesmas, as coisas tendem a ir de mal a pior.

Toda solução cria novos problemas.

A Primeira Lei de Seach de Vulcanologia:

Você perderá a erupção.

Corolário um: Se dois vulcões estiverem a ponto de entrar em erupção, você irá para o errado.

Corolário dois: Se um vulcão está a ponto de entrar em erupção, um dia você chegará lá muito tarde ou no outro dia sairá de lá muito cedo .

Corolário três: A erupção acontecerá quando você estiver trocando as baterias da câmera.

Corolário quatro: O vulcão entrará em erupção quando estiver encoberto por nuvens.

Corolário cinco: Um dia você tem que dormir.

O Paradoxo de Seach:

Uma redução na atividade eruptiva aumenta o risco.

Corolário um: Cuidado com um vulcão quieto.

O Segundo Paradoxo de Seach:

Chegar ao vulcão é mais perigoso que o próprio.

O Terceiro Paradoxo de Seach:

A organização com o maior orçamento, será a última a informar a erupção.

A Primeira Lei de Seach de Realização:

O número de erupções observadas, é inversamente proporcional ao número de reuniões assistidas.

A Segunda Lei de Seach de Realização:

Quanto mais dinheiro você tem, menos você alcança.

O Dilema de Evacuação de Seach:

Você está fudido se faz, e fudido se não faz.

O Paradoxo de Evacuação de Seach:

Pessoas que são evacuadas, perderão o evento mais excitante de suas vidas.

A Regra de Fagin.

Compreensão tardia é uma ciência exata.

As Premissas Lógicas de Colvard:

Todas as probabilidades são 50/50. O vulcão explodirá ou não.

A Lei de Seay:

Em uma expedição nada acontece como planejado.

A Segunda Lei de Sodd:

Mais cedo ou mais tarde, o pior conjunto de circunstâncias deve acontecer.

O comentário de Seach na Lei de Sodd:

Qualquer sistema de alerta de vulcões deve ser projetado para resistir a Segunda Lei de Sodd.

A Lei de Rudin

Em crises, a maioria das pessoas escolherá a pior ação possível.

A sétima exceção de Zumurgy para a Lei de Murphy:

Quando chove, escorre.

A Lei de Shedenhelm de Backpacking:

Todas as trilhas têm mais seções em aclive que em nível ou declive.

Primeira Lei da viagem:

Sempre leva muito mais tempo para ir que para voltar.

Primeira lei de Finagles:

Se um experimento funcionar, algo deu errado.

Lei de Williams e de Holland:

Se forem coletados dados suficientes, qualquer coisa pode ser provada por métodos estatísticos.

A Lei de Hiram:

Se você consultar muitos peritos, você pode confirmar qualquer opinião.

A Lei de Murphy de Pesquisa

Pesquisa suficiente tenderá a apoiar a sua teoria.

Lei de Young

Todas as grandes descobertas são feitas por engano.

As Regras de Spark do Volcanólogo

Se esforce para parecer tremendamente importante.

Tente ser visto com pessoas importantes.

Fale com autoridade; porém só exponha fatos óbvios e provados.

Dê todas as ordens verbalmente. Nunca escreva qualquer coisa que possa ser usada contra você.

A Lei de Trueman

Se você não puder convencê-los, confunda-os com ciência.

A Máxima de Merkin:

Quando estiver em dúvida, prediga que há tendência de continuar.

Regra de Mars:

Um perito é qualquer um de outra cidade.

A Primeira Lei de Clarke:

Quando um cientista renomado e mais velho disser que algo é possível, ele certamente estará com a razão. Quando ele disser que algo é impossível, provavelmente está errado.

A Segunda Lei de Clarke:

O único modo para descobrir os limites do possível é ir além deles no impossível.

Lei de Jones dos Museus:

O espécime mais interessante não será etiquetado.

O Corolário de Lerman:

Você nunca receberá tempo ou dinheiro suficientes para realizar o trabalho de campo.

A constante de Murphy:

Um objeto será danificado em proporção direta do seu valor.

O Preceito de Jaffe:

Há algumas coisas sobre um vulcão que é impossível saber - mas não é possível saber estas coisas.

A Última Lei:

Por definição, quando você estiver investigando o desconhecido, você não sabe o que você achará.

A Lei de Ken:

Uma partícula voadora sempre buscará o olho mais próximo.

A Lei de Biondi:

Se seu projeto não funcionar, procure a parte que você pensou que não fosse importante.

A Primeira Lei de Berra:

Você pode observar muito só olhando.

O Paradoxo de Silberman:

Se a Lei de Murphy pode dar errado ,vai.