domingo, 6 de novembro de 2011

Se não for o primeiro ...

Garimpando na Internet, encontrei uma coleção da Popular Mechanics, revista muito popular que trazia os mais recentes avanços da mecânica, eletrônica e divulgação da ciência em linguagem simples e compreensível plos "comuns mortais".  
Na edição de maio de 1948 (volume 89, número 5) está o artigo muito rico e preciso "Hungry plants, guide the ore prospector", assinado por Maxwell Grant que trata da aplicação da biogeoquímica na exploração mineral. Mesmo considerando que o artigo foi escrito com base numa aplicação da ciência relativamente recente e com técnicas analíticas desatualizadas, serve de referência para estabelecer as bases de uma tecnologia.
No sumário (página 3) junto com artigos dedicados aos apaixonados por novidades como a construção de um projetor de slides em sua oficina doméstica, ou os cuidados com os plugs elétricos, ou ainda a 3ª parte do projeto do iate Sea Craft está na página 130 a indicação dessa novidade da ciência aplicada que é a localização de depósitos minerais por meio do estudo da acumulação de metais em espécies vegetais.

Na primeira página do artigo, uma indicação jornalística de que um prospector fez fortuna descobrindo um depósito de ouro, ao seguir as indicações dos talos de uma erva cauda-de-cavalo (horsetail weed). Essa erva é um Equisetum que tem a capacidade de acumular ouro, cobre, chumbo, cadmio e zinco. Acumula também silica o que torna suas folhas ásperas e com bordas cortantes (http://www.gardenorganic.org.uk/organicweeds/weed_information/weed.php?id=10). Na mesma página, tres fotos mostram prospectores coletando amostras de vegetais em frascos de vidro para análise química, observando um mapa com a localização das amostras e seu uso na localização de depósitos minerais e a a última a coleta de amostras de água fluvial para prospecção hidrogeoquímica, já que "streams may carry minerals.".
O artigo faz referência ao "engenheiro de minas finlandês Kalervo Rankama" que usando folhas de bétula, localizou um jazimento de Cu-Ni escondido sob espesso depósito glacial e aos prospectores chilenos que encontraram um jazimento de Cu na região andina seguindo as indicações fornecidas por uma erva comum.
Os "segredos" da geobotânica são desvendados pelo Dr. John Herman químico de Los Angeles, que explica  que os metais traço se concentram em orgãos específicos dos vegetais, folhas, frutos e flores, que ele encontrou Ag em batatas, propriedades que são usadas pelos prospectores para encontrar depósitos minerais.
As amostras são colocadas em um forno elétrico e as cinzas do material são analisadas por espectografia óptica de emissão que produz um negativo fotográfico no qual as raias negras mostram os metais presentes.
Se os teores dos metais esperados numa planta "indicadora" forem ultrapassados pelos da amostra analisada, isso será uma excelente indicação que o prospector está no caminho certo. Marcando os resultados analíticos em um mapa ele poderá delimitar as maiores concentrações do metal nos vegetais e assim correlacioná-los com a presença de um depósito mineral.
Da mesma forma, os rios de uma área podem ser amostrados, e a posição da amostra indicada num mapa. No laboratório, as análises são feitas em um polarógrafo - antigo equipamento analítico baseado na diferença de potencial entre um fluxo de mercúrio metálico puro e depois de a amostra ser acrescentada. Novamente o Dr. Hermann é citado pela sua experiência em analisar centenas de amostras e ser capaz de detectar valores tão baixos quanto  "inacreditáveis poucas partes em 100,000,000" (o que significa centésimos de ppm).
Tudo isso fica mais "inacreditável" quando observarmos as fotografias do laboratório do Dr. Herman na página 133 e comparamos as condições de asseio com os padrões de qualidade nos laboratórios atuais.
A referência à toxicidade dos metais em diferentes espécies é muito atual com o período "Like human beings, different plants have different tastes. One craves a mineral which may be poisonous to another". Diversos exemplos de vegetais indicadores diretos são citados, como a Amorpha canescens, a chave para depósitos de Pb no Missouri.
Finaliza o artigo fazendo referência a relação existente entre a sanidade vegetal em plantações que pode ser desequilibrada por excessos e deficiências em diversos elementos.